A palavra Solstício, deriva do latim, sol + sistere – solstitium -, que significa parado, imobilizado como se ali o Sol estivesse em um intervalo em seu movimento. O solstício marca a época do ano em o Sol, no seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o máximo afastamento angular do Equador, entre os dias 21 e 22 de junho (em 2017, em qualquer parte do planeta, ocorrerá no dia 21/06). No hemisférios sul inicia o Solstício de Inverno, enquanto no hemisfério norte o de Verão quando o Sol ingressa no grau zero do signo de Câncer e alcança sua máxima declinação norte (na esfera celeste), 23º27′.

Trata-se do período em que as noites são mais longas do que os dias, para o hemisfério sul. Por isso, em diversos casos, essa época pode ser associada ao recolhimento; já que o inverno costuma representar os momentos em que precisamos diminuir o ritmo para ouvir o nosso mundo interior ou nos protegermos da escassez (lembremos da fábula da cigarra e da formiga, no rigoroso inverno do hemisfério norte, iniciado em dezembro). No hemisfério norte, onde o simbolismo e o sistema astrológico se desenvolveu, no entanto, os dias são de verão, mais longos que as noites, e é época de abertura, “saída da toca”. Para muitas espécies animais é época de migração (ninhos, tocas, cavernas). No hemisfério sul é precisamente a época em que determinados tipos de caranguejos (o animal análogo ao signo de Câncer, que inicia esse solstício) migram em enormes bandos de um ponto a outro em busca de comida e abrigo. Como, então, resolver essa diferença dos hemisférios norte e sul no comportamento humano? A questão, não se dá apenas com a mudança climática, mas com uma mudança na disposição do coletivo, dentro dos símbolos que o período de 3 meses que se inicia no solstício de junho representa. Como vimos, invariavelmente, sendo verão ou inverno, o solstício de junho tem como símbolo principal a formação do abrigo, a migração do mesmo, a “saída da toca”. É como se, dentro do simbolismo de Câncer, viesse o momento do ano em que se necessitasse trazer à superfície (como os caranguejos que de repente aparecem aos montes) as emoções, a consciência de grupo, a participação e o pertencimento. É o momento, em Câncer, de seguir a maré, a manada, o cardume, a matilha, de comungar com ela, de sentir-se feliz por não estar só e por ter uma raíz que, independentemente das mudanças, como a das marés, nos manterá seguros e nutridos, protegidos. E sabemos o quanto a maioria dos cancerianos tendem a ser ligados a seus lares e famílias, não raro com grande tendência a enraizarem-se numa localidade onde se originaram, mas também são aqueles que quando mudam de casa, mudam “em bandos”, junto com todos os seus.

Aqui no hemisfério sul, quando no norte há essa abertura, há um ponto de conexão entre as pessoas e de reencontro com as raízes, por exemplo, no Brasil, com as festas juninas, que remetem a Juno, a deusa romana que na Grécia é Hera, rainha do Olimpo, esposa de Zeus e deusa do casamento e da família. Esta última, o clã, o grupo com laços emocionais e de sangue, a grande força de Câncer.

Para nós, aqui no hemisfério sul, onde a entrada do Sol no signo de Câncer inicia o inverno, este último pode nos trazer a imagem daqueles momentos na vida em que tudo parece inerte para quem está de fora, mas por dentro sentimos que é a quietude e a introspecção necessárias, que antecedem importantes movimentos na vida.

O Solstício de junho, em Câncer, tende a levar as atenções de certa forma de volta ao passado, fazendo com que reflitamos sobre o que deu certo e o que deu errado até aqui ou sobre o que herdamos de nossas raízes culturais. É um bom momento para se buscar fazer algo novo a partir do que já conhecemos e que nos é familiar. Como o Sol, no Solstício de junho ingressa em Câncer, a Lua, o regente desse signo, onde quer que ela estiver ao longo do mês, terá uma preponderância ainda maior do que o habitual. Você pode sentir uma variação mais nítida de humor, de desejo e de disposição em geral a cada dois dias e meio, durante a passagem da Lua em cada signo em 28 dias a contar do ingresso do Sol em Câncer. O período de 3 meses iniciado no Solstício de Câncer abrange passagem do Sol neste signo, mas também em Leão e Virgem. Dentro do simbolismo dos três, em resumo, temos a época da germinação (Câncer), do florescimento (Leão) e da colheita (Virgem). Isso pode ser traduzido em atos, pensamentos, planejamentos que germinam, florescem e cujos benefícios são coletados para serem distribuídos. Fica aqui a inspiração para a fase.

Como a Lua é o regente de Câncer, por onde passa o Sol, nesse mês, ela terá preponderância ainda maior por pelo menos 28 dias a contar do Solstício, pois estará em conjunção com Vênus e em ótimo aspecto com Plutão. Os próximos três meses podem ser bem promissores para resgatarmos relacionamentos que estão desgastados e, principalmente, darmos uma definitiva virada de mesa nas questões financeiras que estiverem complicadas. Por isso, o desafio é aceitar e perceber a beleza de estar no aqui e agora e, em breve, tudo se renova, porque decidimos nos abrir à mudança!