Luto, Crise e Transformação, de Márcia Mattos

Plutão pode ser o planeta que oferece essa dica, pois ele fecha um ciclo e abre a porta para outro. É ele o responsável por obrigar a renúncia da fase anterior: à força ou por bem. É o planeta que nos mostra o quê morreu na nossa vida.

A cada 10 anos, Plutão faz aspecto com ele próprio no nosso mapa. Então, de 10 em 10 anos, teremos esses ciclos, essa necessidade de rever os assuntos, as circunstâncias da nossa vida e nos desidentificar com aquilo que já perdeu seu significado. Esse processo é sempre difícil, pois ele se assemelha à morte física, sendo necessário um luto a cada vez.

A partir da quadratura de Plutão com ele mesmo (o que na geração atual tem acontecido pelos 36, 38 anos), é o momento ideal de começar a se contar esses ciclos de 10 em 10 anos. Isso porque, antes dessa idade, em geral, não se possui vivência suficiente, consciência suficiente pra entender esse processo. Antes disso, ainda somos onipotentes, ou seja, achamos que podemos fazer qualquer coisa a qualquer hora. A partir daí, percebemos que não é bem assim, que algumas coisas já não podemos mais fazer, passou o momento, outras ainda podemos correr atrás, outras estão perdidas. Ou seja, Plutão nos faz perceber, em determinados momentos, que certas coisas terão que ficar para uma próxima encarnação, pois criamos consciência de que não está mais ao nosso alcance. Ao contrário, faz perceber que algumas coisas precisamos ainda nos esforçar para resolver nessa existência.

Devemos começar a ter consciência de que alguma parte da existência não vai acontecer. De tudo que foi programado do plano original, alguma coisa vai ficar de fora. É o limite possível daquilo. Exemplo: a pessoa tem quarenta e oito anos e ainda não teve filhos, já está atrasada para correr atrás. É necessário fazer uma conta por volta dos cinquenta anos para saber o que vamos deixar de débitos para a outra vida. O que chegou ao limite e não poderá ser mais feito. Nessa idade, vamos conseguir aguentar o saldo negativo que, com certeza, quando mais novos não conseguiríamos. Se essa conta não for bem feita, a vida será bem mais difícil, amarga, serão contas que não aguentaremos pagar. Ficar remoendo o que deveríamos ter feito e não fizemos, não adianta. Temos que viver o momento, estamos no ponto do ciclo que corresponde à nossa realidade.