A psicologia e a astrologia andam juntas, no sentido de que são saberes que possuem autoridade para dissecar a alma. Claro que a Astrologia é mais antiga, mas nos últimos séculos ela se associou de forma muito potente a Psicologia.

Não há menor sombra de dúvidas de que alguns padrões planetários presentes no mapa natal ou algumas incidências de elementos ou de pontuações em casas astrológicas tornam uma pessoa mais suscetível a determinados sentimentos, desconfortos e dores da alma. Trata-se de uma vulnerabilidade provocada por desenhos planetários, com duração, intensidade e natureza dos símbolos que se apresentam no mapa natal. O grande alívio é que esses sentimentos têm hora pra ir embora, exemplo da passagem de Netuno por Saturno (campeã de depressão). É difícil passar por esta configuração sem sentir um grande desencantamento pela vida!

Muito bem, todos nós temos basicamente dois estados de alma: os hipertônicos, em que a carga energética é suplementar a do indivíduo, e os hipotônicos, em que há uma reclusão e retirada do estilo energético (gerando desconfortos bem diferentes).

O intuito de abordar a tag ‘Dores da alma’ é unir a Astrologia com a Psicologia para compreender os desconfortos da alma. Para isso, obteremos ajuda dos indicadores astrológicos no mapa natal e nos ciclos planetários associados aos estados de raiva, ansiedade, depressão e melancolia.

A raiva é um sentimento relativamente comum e muito fácil de ser gerada. Como ela funciona? A raiva é o ataque ao ‘eu’; quanto mais alto, forte e dominante a fisiologia do ‘eu,’ mais raivoso é o indivíduo. Geralmente as pessoas raivosas têm uma baixa tolerância ao se sentirem contrariadas, elas também possuem um senso de fronteira territorial muito sensível. Basta alguém se aproximar um pouco da área dela para que a raiva surja, pode ser o simples fato de invadir o braço da poltrona num assento do cinema, por exemplo. É como se fosse uma sensação muito primitiva de que o indivíduo tem um espaço a defender, o que faz com que essa pessoa fique neuroticamente reativa ao outro. Isso costuma gerar guerra entre vizinhos, no ambiente familiar “o pai é meu, eu cheguei primeiro” e, em situações mais graves, entre países.

Pode ocorrer com o raivoso a seguinte situação: de tanto se sentir invadido, ele acaba ocupando um espaço maior do que o de direito (ao se sentar, por exemplo), justamente para garantir o espaço dele em primeiro lugar e, em segundo, porque existe em sua configuração psicológica uma necessidade imperiosa de autonomia e liberdade de movimento. Aliás, é uma característica muito própria das crianças.

Como ocorre a descarga dessa dor? A descarga da raiva tenta neutralizar ou fazer com que a pessoa volte ao seu equilíbrio interior. A ideia é a de que chutar objetos ou outra ação qualquer devolva a ela o seu estado anterior de neutralidade. No entanto, essa descarga muitas vezes não pode acontecer em determinados casos. Como, por exemplo, quando a raiva é por alguém específico. A pessoa, chefe, amigo, familiar, parceiro ou, até mesmo, um órgão público não podem ser atacados. A descarga da raiva, então, não é o suficiente. Ocorre ainda que, muitas vezes, as pessoas responsáveis por ela simplesmente vão embora. Isso aumenta o estado da raiva e amplia seu sentimento, causando a cólera.

Quando o assunto é raiva, o ‘eu’ só quer PODER, afinal, ele é feito para poder as coisas. O sentimento da raiva surge, então, quando ele não pode aquilo que deseja. Quanto maior o tempo de vulnerabilidade do ‘eu’, maior a necessidade de descarga. Quando o indivíduo vai extravasar essa raiva, mesmo quando há reparação: pedido de desculpas ou teve sua demanda atendida, o ataque de raiva continua. O ideal é que ninguém tente amenizar ou ser aquela figura conciliadora, porque a pessoa simplesmente precisa deixar sair aquele acúmulo que a envenenou.

A raiva vira cólera, rancor, ressentimento e ódio de si. No caso do rancor, que é uma uma raiva aquecida em banho-maria – como no caso de configurações de Marte em Câncer/Marte em Touro/Saturno em Marte –  a pessoa fica com raiva daquele que lhe causou dano e invadiu seu território. O sentimento de raiva é de tudo e de todos, principalmente daqueles que defendem o agressor, além de si. A raiva de si ocorre quando o indivíduo se considera um perdedor, é um sentimento carregado da sensação de incompetência por não defender os interesses do tamanho do ‘eu’.

Cada uma das dores da alma possui uma família ou sentimentos derivados do sentimento matriz. No caso da raiva, sentimento matriz, existem também: a crítica, a autocrítica, a inveja, a ironia, a soberba e o mal-humor.

O mal-humorado fica parado mal-humorado e mal-humorando. O que isso quer dizer? O indivíduo não se mexe pra resolver a situação, fica reclamando e produzindo aquela energia densa sem resolver a questão.

A crítica é outra derivação da raiva. Não existem críticas construtivas! Se você quer que alguém melhore, você edifica, elogia, chama a atenção para os acertos, estimula, encoraja e acalma. A crítica é um ato raivoso, é uma forma de você atacar alguém com a intenção de diminuí-lo. Por que o raivoso a faz? Porque o outro está muito grande no caminho do meu gigante ‘eu’. A autocrítica é outra forma de agressão e raiva.

A inveja também é um derivado da raiva, porque o indivíduo prefere atacar ou destruir aquele que está ascendendo do que tratar de fazer igual para, assim como o outro, chegar lá. Ou seja, alcançar os mesmos méritos daquele que é invejado. Por isso, o invejoso nunca anda para frente, ele está sempre tomado pela ideia de torcer contra aquele que inveja. Nesse sentido, o invejoso precisa parar de se comparar – situação muito presente devido a casa 8, que tem a ver com o recurso do outro: energético, financeiro, entre outros.

O irônico também é um raivoso. A ironia é uma arma dos narcisos. O indivíduo se gaba da sensação de querer agredir, por mais que o adversário nem note – configuração de Plutão/Mercúrio.

A soberba é pior do que a ironia, nesse caso o raivoso é um ex-vaidoso. Um dia ele se achou uma grande coisa, não se realizou e ficou decepcionado com os seus propósitos. Só lhe restou a tal da soberba. Quando você está diante de um soberbo é muito comum que você sinta uma raiva inexplicável, sem que o outro tenha dito ou feito absolutamente nada. A raiva não é sua, é dele, você só está captando ela.

O ódio possui uma semelhança com a inveja e vincula mais do que o amor. A verdade é que você só odeia o semelhante ou o igual. Quanto mais se assemelha, mais passível de raiva. O ódio tem um componente de comparação, competitividade e da experiência de estar diante de um adversário que possui as mesmas condições que você. Fato é que as pessoas mais aptas não gastam energia nem perdem tempo com reclamação, lamúria e mal-humor, porque correm atrás para resolver os seus problemas. Por isso, você não repara características de mal-humor em pessoas muito produtivas. Afinal, o instinto energético delas está voltado para resolver as questões pendentes. Inclusive, nós brasileiros, estamos atualmente muito voltados para esta tendência de lamúria. Precisamos ter um cuidado em relação a isso!

Os aspectos astrológicos da raiva são: Marte (faculdade da reação) proeminente, configurações Marte/Sol, Marte/Mercúrio, Marte/Lua, que é uma configuração bem polêmica; com a desvantagem enorme de que a Lua não se sustenta. Exemplo: a pessoa bate a porta, desliga o telefone no seu ataque de raiva e depois chora, porque não sustenta o que fez. É uma combinação de ataque com carência que não funciona. Além disso, também há um mau desempenho das casas 1 e 5, que são casas de identidade, de excesso e distorção, com uma hipertrofia de ‘tudo eu’. Temos também Plutão dominante; Plutão/Sol, Plutão/Marte (sem sombra de dúvidas um dos componentes de cólera). O estado de cólera, que ocorre quando há um aspecto dissonante entre Plutão e Marte, faz com que o indivíduo perca o senso e tenha a impressão de que pode tudo num momento de raiva. Tanto a configuração Plutão/Sol, quanto Plutão/Marte são formas de poder mal-resolvidas. Urano/Marte é talvez uma das configurações de maior intolerância, não tolera nada que o ‘eu’ tenha que tolerar. Não aguenta que o outro fique na sua frente, não aguenta barulho, que o outro fale quando ele não quer ouvir e por aí vai. Além disso, Saturno/Marte também pode estar presente; revelando uma raiva mais seca e talvez mais cruel, porque ela é cozinhada e estratégica. Saturno proeminente com uma Lua tensionada, que dá o mal-humor. Muito associada também ao sentimento de inferioridade amorosa, o resultado é o mal-humor crônico. Plutão/Marte, quando envolvido com Saturno, também predispõe a raiva. Por outro lado, tem sua expressão contida. Também há o excesso de fogo, principalmente cardinal.

Curtiu esse post? Fique de olho no próximo tema no nosso blog ‘Dores da Alma’, ANSIEDADE!

Esse estudo utilizou como referência alguns conceitos apresentados no livro “Os Quatro Gigantes da Alma” de Mira Y Lópes – Editora Olympio.

Conheça o Curso de Formação em Astrologia da Cia dos Astros: www.ciadosastros.com.br